FACES URBANAS

terça-feira, 17 de junho de 2008

SPORT: SENTIMENTO PROFUNDO OSTENTANDO A RAZÃO DE TORCER!!!


POR FABIANO GUIMARÃES



CAZA!CAZA!CAZA!CAZA!CAZA! Eram esses os gritos que ouvíamos sufocados por outros gritos desesperados de outras pessoas sufocadas por mais gritos desesperados e assim nos encontrávamos em um ciclo vicioso de um interminável desespero sem fim. Sentiu a redundância? Era assim que me sentia, torcendo por meu time do coração naquela final de campeonato nacional. Afundando, emanando e no final sem entender a razão de minha euforia, tenra, tensa, angustiante e extasiante. Torcer é como uma droga, que lhe eleva quando na verdade tudo não passa de uma farsa e você continua sendo o verme insuficiente para abastecer o reservatório de ódio que o mundo necessita, do mesmo jeito que antes.
Tinha medo de como estaria a cidade após o jogo do Sport com o Corinthians. Tudo isso por causa da eterna incoerência da sociedade a qual estou sempre lutando contra. As pessoas são peças indecifráveis de um segredo superior à própria existência transcendental da realidade. Tudo é refletido em ódio. Se sentes alegria, refletes em ódio. Se sentes tristeza, refletes em ódio. Se sentes medo, refletes em ódio. Se sentes raiva, refletes em ódio. Ou seja, seria inevitável que um caos insustentável e incessante se estabelecesse na Veneza brasileira.

Sentei-me à mesa, peguei meu copo de cerveja, pois precisava usar uma droga de verdade para não me envenenar com um entorpecente pior, que é a obsessão de vitória, pulsando nas veias dos torcedores saltitantes e roedores de mãos. Permaneci indiferente, me sentindo superior àqueles que se encontravam ao meu redor com os olhos arregalados, bocas secas, unhas entre as arcadas dentárias superiores e inferiores. Eles tremiam, gritavam aterrorizados a cada erro dos jogadores, e, insanos, os xingavam como se eles pudessem escutar suas suplicas por melhor desempenho. Já eu, continuei parado, inerte, quando na verdade, estava do mesmo modo que eles. Só que por dentro! Escondido atrás de uma carapaça, que visto sempre para que os outros não conheçam minhas fraquezas. Não queria deixar que eles percebessem que sou humano, frágil perante uma partida de futebol.
GOOOOLLL! Gritavam os insanos enlouquecidos, e por mais que quisesse me esconder, não adiantou, pois a euforia me possuiu e aquele espírito de alegria me fez perder o controle sobre meu próprio corpo. Pulei, gritei, corri, até ficar ofegante. Quando pensei que toda aquela exaustiva explanação de êxtase tinha chegado ao seu derradeiro final, percebi que estava enganado. Veio mais um gol, e quase em estado terminal, continuei a gritar, enquanto via minha voz correr pela rua se despedindo de mim como uma donzela que se despede de seu amado partindo em um trem da estação na novela de época do horário das seis.
Aliviei-me quando nenhum gol mais aconteceu. No entanto, estava amedrontado com a possibilidade de "um" ser feito pelo maldito adversário, conhecido pelos seus torcedores Skin-heads paulistanos. A necessidade de mostrar para os paulistanos que não somos inferiores a eles apenas provava nossa inferioridade, somente pelo fato de nos preocuparmos com a opinião formada por aqueles porcos ignorantes. Nós somos os verdadeiros culpados, pois vestimos o capus de seres inferiores nessa sociedade brasileira nazista, que considera os "Sudestinos" uma raça ariana.

Chegou o final do jogo, a bandeira voou, corri pela rua, abracei pessoas que nem conhecia e uma belíssima coisa tirei de toda essa loucura desatada. Nunca tivemos tão unidos por uma causa, vencer nossos adversários. Deveríamos adotar este modo de vida para o nosso cotidiano. Talvez vencêssemos nosso principal adversário na partida da compreensão da vida, que é a insanidade de nossas mentes perdidas em contrastes recriminadores de clarezas puras. A Redundancia sufoca meus gritos de desespero!

posted by FABIANO GUIMARÃES at 09:35

2 Comments:

Mergulha fabiano, mas abre bem os poros amigo...

18 de junho de 2008 às 12:52  

Ah, fala sério, esse dia foi TUDO, como diria você mesmo. :D

2 de agosto de 2008 às 20:31  

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